O verdadeiro herói

O imaginário popular adora heróis. Por definição, eles são os protagonistas de um determinado enredo, geralmente de superação, nos mostrando que o impossível às vezes não é tão impossível assim de ser feito, nos inspirando a irmos além, a superarmos os nossos limites, a escalarmos o próximo degrau. Acontece que isto é apenas metade do caminho.

O verdadeiro herói é aquele que constrói uma plataforma de elevação para todos, e não somente para si próprio. É aquele que compartilha, contribui, ensina e auxilia para que todos os demais também possam alcançar e superar este mesmo patamar de excelência. Em última instância é aquele que se transforma de mestre, em guia e servidor.

No meio empresarial também existe o culto aos heróis. Foto no quadro de funcionários do mês, perfil detalhado no jornalzinho interno trimestral, café da manhã com o fundador da empresa, e viagem de férias para algum lugar paradisíaco são algumas das formas das empresas reconhecerem os seus colaboradores que superam as expectativas nas suas especialidades e áreas de atuação.

Mas será mesmo que existe alguma conquista que é fruto apenas de competências, conhecimentos, e habilidades individuais ?

Independentemente do que nos proponhamos a fazer, isto só é possível se inúmeros outros colaboradores façam também a parte que lhes compete, e no meio empresarial isto fica ainda mais evidente. Seja vendendo, entregando, ou suportando, isto só é possível se os produtos e serviços forem criados, todos estejam treinados, os contratos estejam redigidos, os sistemas estejam funcionando, e, principalmente, o salário esteja em dia.

Se o sucesso é fruto da construção coletiva de inúmeros colaboradores que executam as suas atividades com maestria, será que conceder prêmios individuais baseados apenas no critério da excelência é algo benéfico para as empresas ? Isto a médio prazo gera união ou desunião do grupo, motiva ou desmotiva os colaboradores, leva à individualidade ou à colaboração ? E se, em vez de destacarmos a excelência no desempenho individual em determinada atividade, a gente passasse a destacar aquelas contribuições que foram dadas ao grupo ?

Assim, no quadro de funcionários do mês aparecerá a foto de quem mais criou cases de sucesso replicáveis, o jornal trimestral dará informações de como é possível escalar conhecimentos, o café da manhã com o fundador da empresa será com aquele que mais ministrou treinamentos para os colegas, e a viagem paradisíaca será para aqueles que trouxeram algum tipo de inovação.

De fato, trataria-se da construção de uma cultura coletiva, perene e justa, em oposição aquilo que é individual, temporário, e por vezes injustificado. Neste modelo, fortalece-se a sensação de união, a certeza de que toda tarefa e função tem o seu valor, e que todo mundo tem a chance de ser reconhecido, destacando-se aquelas atitudes e atividades que visem elevar o grupo, o todo, e não apenas o indivíduo.

Fundamentalmente passaríamos a valorizar aqueles que completam as duas etapas do caminho, a da excelência e a do altruísmo, e estes, estes sim, que completaram o caminho inteiro, poderão ser verdadeiramente chamados de nossos heróis.

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