Educação Profissionalizante

Atualmente o taxa de desocupação medida oficialmente pelo IBGE no Brasil é de 8%, representando um contingente de mais de 8,6 milhões de pessoas, distribuídas de forma heterogênea pelas regiões.

Se de um lado falta emprego, pelo menos na área da tecnologia da informação existe uma crise enorme de falta de talentos, colocando a força de trabalho como um fator complicador na agenda de transformação digital para 2 em cada 3 empresas, segundo estudo recente feito pelo Gartner. Em uma área onde os conhecimentos precisam ser renovados a cada 2 anos, a Brasscomm, já em 2021, projetava um déficit de mais de meio milhão de talentos até 2025, somente aqui no Brasil.

Com mais da metade dos alunos do ensino superior desistindo antes de completarem a sua graduação, segundo estudo conduzido pela SEMESP de 2017 a 2021 aqui no Brasil, fica muito claro que a educação tradicional precisa de ajuda, e que existe muito espaço para o fomento de iniciativas complementares de formação profissional.

Neste contexto, sempre é importante lembrarmos que o conhecimento não possui apenas a dimensão proficiência, geralmente graduada em baixa, média e alta, mas possui também a dimensão natureza, podendo ser dividida em conhecimentos operacionais, táticos, estratégicos, e de liderança. Portanto, a qualificação de determinado profissional é na verdade uma combinação entre a natureza e o grau de proficiência que ele possui.

Conduzir alguém das gradações inferiores do conhecimento em direção às gradações superiores demanda tempo e recursos, algo que nem sempre temos disponível, e é por isso que raramente encontramos talentos que possuem um alto grau de proficiência em todas estas naturezas de conhecimentos, sendo extremamente importante sabermos compor times heterogêneos.

Interessante que a distribuição destes conhecimentos nos times se organiza em formato de pirâmide, onde na parte mais populosa, na base, temos aqueles que se dedicam a executar a atividades operacionais com eficiência, no meio temos aqueles interessados na tática e na eficácia do trabalho, e, no topo, aqueles que se dedicam às questões mais estratégicas e de liderança, criando as condições e as motivações necessárias para que o trabalho de todos seja possível de ser executado.

Diferentemente da educação tradicional, que precisa por regulamentação atender uma grade curricular abrangente e generalista, a educação profissionalizante, através de cursos de curta duração, e direcionados para a formação acelerada e especializada de talentos para a base da pirâmide, a região mais carente de profissionais por concentrar a maioria das atividades em qualquer empreendimento, se torna uma excelente alternativa para a rápida inclusão de mais pessoas no mercado de trabalho, não somente aqui no Brasil, mas no mundo todo, e ainda beneficiando o ecossistema inteiro.

Profissionais na base da pirâmide do setor da tecnologia da informação acessam salários iniciais maiores do que a média nacional, e como mais de 80% dos alunos do ensino superior cursam instituições particulares, à medida que estes alunos conseguirem rapidamente se empregarem, através dos complementares cursos profissionalizantes, veremos diminuir drasticamente o índice de abandono das universidades juntamente com a diminuição das taxas oficiais de desocupação.

As empresas, por sua vez, ao investirem na educação profissionalizante, começam a criar a sua própria base de talentos, um movimento obrigatório para que elas passem a ter o controle sobre a formação e fornecimento do seu ativo mais importante - as pessoas, ao mesmo tempo que realizam e aceleram seus planos de negócios, reduzem seus custos com mão-de-obra, melhorando as suas margens e se tornando mais competitivas, e passam a colaborar ativamente em iniciativas de inclusão social.

Focando a educação profissionalizante nas modernas plataformas tecnológicas que estão sendo adotadas pelas empresas como instrumentos para os seus projetos de transformação digital, todas executando em ambientes na nuvem e acessíveis via internet, conseguimos direcionar de forma ordenada a nossa atenção para as regiões mais carentes e onde as taxas de desocupação são maiores, ativando economias locais, diminuindo o endividamento, e melhorando a distribuição de renda.

Com a educação profissionalizante, o Estado perceberá um aumento no número de pessoas empregadas com carteira assinada, um aumento no consumo de bens e serviços, e um consequente aumento na arrecadação de impostos. Perceberá também uma diminuição do número de pessoas dependentes de programas assistenciais governamentais, e a redução dos índices de criminalidade. Com talentos disponíveis, haverá a renovação do otimismo, o aumento do empreendedorismo, e o fomento a mais inovação.

Embora o problema do desemprego seja um assunto bastante complexo de se resolver, é certo que as soluções inevitavelmente deverão passar por uma ação conjunta e organizada de diversas áreas da nossa sociedade e também por uma boa dose de inovação.

Unindo a necessidade por talentos na área da tecnologia da informação à iniciativas de educação profissionalizante ordenadas, focadas e direcionadas, a solução pode estar apenas a poucas semanas do nosso alcance, pelo menos para uma parcela significativa da população vulnerável sócio-economicamente, algo que vale à pena depositarmos o nosso tempo, o nosso esforço e a nossa esperança.

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